A Vila Belmiro, com capacidade para cerca de 16.798 torcedores, é um dos principais gargalos financeiros do Santos. Em 2023, o clube arrecadou apenas R$ 26 milhões com bilheteria e atividades relacionadas a jogos, enquanto seus rivais apresentaram números muito superiores:
- Corinthians: R$ 197 milhões
- Palmeiras: R$ 168 milhões
- São Paulo: R$ 142 milhões
Essa diferença gritante reflete diretamente no poder de investimento do clube, na competitividade dentro de campo e na valorização de sua marca. O Santos, que sempre teve uma das maiores torcidas do Brasil, viu seu protagonismo nacional diminuir à medida que insistiu em atuar predominantemente na Vila Belmiro.
O Preço da Ausência na Capital Paulista
Ao longo dos anos, a insistência em jogar na Vila Belmiro afastou o Santos de sua torcida espalhada pelo estado e pelo país. A capital paulista, maior mercado consumidor do Brasil e berço de milhões de santistas, foi deixada de lado.
A semifinal do Campeonato Paulista de 2024, disputada contra o Red Bull Bragantino na Neo Química Arena, registrou um público de 44.804 torcedores e uma renda de R$ 3.042.965,00. Já a final contra o Palmeiras apresentou os seguintes números:
- Jogo de ida: disputado na Vila Belmiro, contou com 15.946 torcedores e gerou uma renda de R$ 1.075.330,00, resultando em um lucro líquido de R$ 336.095,62 para o Santos.
- Jogo de volta: realizado no Allianz Parque, teve a presença de 41.446 torcedores, com uma renda total de R$ 5.244.701,37 e um lucro líquido de R$ 4.027.466,86 para o Palmeiras.
A estreia de Neymar contra o Botafogo-SP, por exemplo, poderia ter sido jogada em um estádio grande e teria casa cheia, permitindo que mais santistas testemunhassem o retorno do ídolo após 13 anos. Mas, mais uma vez, o Santos optou por uma decisão que limitou sua arrecadação e exposição.
O Futuro: Um Novo Estádio ou Estagnação?
A localização da Vila Belmiro, em um bairro com limitações de acesso, estacionamento e transporte público, torna inviável uma expansão significativa. Mesmo uma reforma que aumentasse sua capacidade para 30 mil lugares não resolveria os problemas estruturais e logísticos existentes.
Para competir em igualdade com os principais clubes do país, o Santos precisa considerar a construção de um novo estádio moderno, com capacidade mínima de 45 mil torcedores, preferencialmente localizado próximo à capital paulista ou com fácil acesso às principais vias que ligam a Baixada Santista a outras regiões do Estado de São Paulo. Essa mudança não apenas aumentaria a arrecadação, mas também fortaleceria a marca Santos FC, atrairia novos patrocinadores , novos torcedores e resgataria o orgulho do Santista.
Além disso, a escolha de um parceiro com expertise local e global na gestão de arenas é fundamental para o sucesso do empreendimento. Empresas como a AEG Worldwide e a Live Nation possuem vasta experiência na administração de estádios e podem agregar valor significativo ao projeto. Uma gestão profissional garantiria a maximização das receitas e a consolidação do estádio como um centro de excelência esportiva e de entretenimento.
A construção de uma nova arena em um terreno estrategicamente localizado resolveria problemas de acesso, estacionamento e logística que atualmente limitam a Vila Belmiro. Além disso, permitiria a criação de um complexo multiuso, tornando o espaço viável e rentável durante os sete dias da semana, independentemente de haver jogos ou não. A inclusão de áreas comerciais, restaurantes, espaços para eventos e museus interativos sobre a história do clube são exemplos de como o estádio pode se tornar um ponto de encontro para torcedores e visitantes, gerando receitas adicionais e fortalecendo o Santos FC
A Vila Belmiro é um ícone do futebol mundial, mas a insistência em mantê-la como casa exclusiva do Santos é um erro estratégico que custa caro ao clube. Enquanto os rivais modernizaram suas estruturas e ampliaram suas receitas, o Santos permaneceu preso a um modelo ultrapassado.
A história do Santos é grandiosa. Seu futuro depende de escolhas que respeitem essa grandeza.